GRANDES MOMENTOS

Concerto no Vaticano. Encontro com o Papa Francisco (2017)

Imparáveis: A história de perseverança que nos levou ao Vaticano

Tudo começou em 2013, quando o Cardeal Jorge Bergoglio foi escolhido e adotou o nome de Papa Francisco. Nosso fundador e idealizador, Carlos Prazeres, soube através da imprensa que o líder da Igreja Católica viria ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude, evento muito popular globalmente. Fortemente movido por uma vontade que carregava desde jovem, quando não pôde estar presente em uma missa ministrada pelo líder da Igreja no Rio (onde seu pai, o famoso maestro Armando Prazeres, fora convidado para reger), teve a ideia: “imaginem se alguns poucos de nós, representando o Complexo da Maré, recebessem a bênção do Papa?”. A ideia pegou.

Do jeito que pôde, Carlos foi atrás e conseguiu um espaço na agenda especial do pontífice. Dá pra acreditar? Neste ponto, isso já era um sonho se realizando para muitos de nós, mas foi além e pouco tempo depois ganhou asas! A ideia, de inicialmente encontrá-lo com um pequeno grupo de alunos, se tornou parte de um evento maior, onde Francisco abençoaria toda a cidade aos pés do Cristo Redentor, sendo recebido por nós com uma música muito popular em sua terra natal, Argentina, e preparada especialmente para ele, o tango “Por Una Cabeza”, de Carlos Gardel. Tudo havia se encaixado perfeitamente!

No entanto, para nossa infelicidade, o imprevisível clima carioca nos surpreendeu. Uma chuva torrencial abalou diversos municípios do estado naquele 26 de julho de 2013. Nosso sonho se frustrou. Nossos jovens choravam, em meio a chuva, abalados pela situação. Nem o Papa, nem o Cristo ouviriam nosso tango.

Mas esperem! Essa era uma história de perseverança, lembram? Fomos além. Procuramos a imprensa e chegamos até Fátima Bernardes, que possui um programa matinal na maior emissora de televisão do país. Ela permitiu que nos apresentássemos e fizéssemos um apelo, na esperança de que algum assessor ou talvez o próprio Papa tomasse conhecimento da nossa situação e da nossa vontade de encontrá-lo ao menos uma vez. Infelizmente, pelo excesso de demandas da Jornada, não foi possível. Ao término de seus compromissos, toda a comitiva retornou à Roma.

 

Dois anos depois…

O ano agora é 2015. Neste ano, seriam comemorados os 300 anos do encontro da imagem da Santa no Rio Paraíba do Sul, em São Paulo. O Papa estava vindo! Mais uma chance para nós, certo?

Carlos foi até lá, munido de cartazes e apelos, e tentou de todas as formas, mas infelizmente não demos sorte dessa vez. A agenda seria toda em SP e apenas voltada para a cidade. Não foi possível conseguir um espaço.

 

“Se o Papa não vem até nós, vamos nós até ele!”

Os jovens da OMA, que sempre viram em Carlos uma figura paterna, enxergavam como ele havia tentado e estava desolado por não ter conseguido. Um dos alunos, Gabriel, violista da orquestra, na tentativa de consolá-lo, disse uma frase que mais parecia uma previsão: “Está tudo bem, Carlos. Não se preocupe. Se o Papa não vem até nós, logo mais nós vamos até ele”.

Desse jeito, em tom de casualidade, nosso talentoso músico antecipou o que aconteceria em 2017, quando vivemos um dos maiores marcos da nossa história.

 

Surpresa ao vivo!

Já no fim da tarde de um dia como outro qualquer, o telefone de Carlos toca. É a produção do Domingão do Faustão, um dos programas de maior audiência da TV brasileira. Isso, por si só, já é motivo para se alegrar, pois imaginávamos que seria o convite para alguma apresentação ou participação. Felizmente, descobrimos se tratar de algo muito melhor: “Carlos, tudo bem? Quero te dar uma boa notícia! Conseguimos autorização para tocarem para o Papa Francisco no Vaticano!”.

Parecia um sonho. Depois de tanto esforço, a notícia veio de forma tão inesperada. Apenas Carlos sabia da novidade e a ideia era que os alunos soubessem no palco do programa, ao vivo. Assim foi feito:

Enquanto a OMA ensaiava, Carlos se organizava e buscava patrocínios para viabilizar a viagem. Nada poderia dar errado, não dessa vez! Foram 4 anos de tentativas frustradas, mas dessa vez iria dar certo!

 

OMA no Vaticano

A música estava impecável. Carlos Gardel teria orgulho. Conseguimos levar vários de nossos alunos e tudo ocorreu conforme planejado. Fizemos até mesmo uma pequena turnê pela Itália, conhecendo lugares em que jamais pensamos estar e adquirindo a experiência de tocar para um público diferente do habitual.

Conosco, do Brasil, levamos também um violino assinado por todos os membros da OMA para presentear o pontífice, a fim de demonstrar nossa imensurável gratidão por aquele momento, além de um violino branco para que pudesse dar-nos a honra de um autógrafo.

Quando o momento finalmente chegou, lágrimas… Extremamente carinhoso, o Santo Padre nos ouviu atenciosamente, nota por nota. Nosso tango foi executado perfeitamente. Ao final, exclamou em tom de agradecimento: “Vocês vieram do Rio de Janeiro até mim e ainda tocaram uma música da minha terra…”. Um por um, e totalmente fora do script, Francisco fez questão de falar com todos os músicos e membros.

Fomos abençoados, acolhidos e abraçados. Essa memória nunca sairá de nossos corações.